segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Casamento: tênis ou frescobol??

Casamento: tênis ou frescobol??

Pessoal, Recentemente li esse texto do psicanalista e pensador Rubem Alves sobre relacionamento e me identifiquei muitoooooooo… ele divide os casamentos em dois grupos: aqueles que parecem uma partida de tênis e aqueles que se assemelham a uma de frescobol. Na primeira modalidade de união, o objetivo é jogar uma bola forte e enviesada de forma a fazer o outro errar. No final, um ganha e o outro perde. E o jogo acaba. Já no joguinho que costuma acontecer na praia, com os dois relaxados, a bola vai de forma suave de um lado para o outro, e ninguém quer que o parceiro erre – já que o erro implica parar tudo e esperar a procura da bola, que pode até se perder no mar. Não vou falar muito mais pois TODOS devem ler ele!

“Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos (relacionamentos) são de dois tipos: há os casamentos do tipo Tênis e há os casamentos do tipo Frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam mal. Os casamentos do tipo Frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa. Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: “Ao pensar sobre a possibilidade do casamento, cada um deveria se fazer a seguinte pergunta:
“Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?”
Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar. Sherezade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, e terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O Império dos
Sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, Sherezade o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra – é a sexualidade sob a forma da
eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes. Fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo:
“Eu te amo”. Barthes advertia: “Passada a primeira confissão, eu te amo não quer dizer mais nada”. É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia
Prado: “Erótica é a alma”.
Tênis é um jogo feroz. O objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: O outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, é justamente para aí que ele vai dirigir sua cortada. Palavra muito sugestiva – que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro. Frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra. O erro de um, no frescobol, é um acidente lamentável que não deveria ter acontecido. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos… A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá….
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão.. O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde. Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres ao vento. Bola vai, bola vem – cresce o amor… Ninguém ganha, para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para
que o jogo nunca tenha fim…”

TOP né? Qual é o de vocês?!??! Bjos,
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Pessoal, Recentemente li esse texto do psicanalista e pensador Rubem Alves sobre relacionamento e me identifiquei muitoooooooo… ele divide os casamentos em dois grupos: aqueles que parecem uma partida de tênis e aqueles que se assemelham a uma de frescobol. Na primeira modalidade de união, o objetivo é jogar uma bola forte e enviesada de forma a […]

Fonte: Enfim Casada
Categoria: Enfim Casada
Autor: Enfim Casada
Publicado em: 14 Oct 2014 09:00:39
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