segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Judô - artes marciais

Judô - artes marciais
Nos meus tempos de lutador de judô, sofria muito nos torneios e campeonatos oficiais. Diferentemente dos esportes coletivos, o judô, como uma arte marcial, preserva a individualidade. A derrota ou a vitória recai apenas sobre uma pessoa, o lutador. A minha preferência pelos treinos, e nunca pelos campeonatos, foi pelo fato de não precisar me expor, ou, falando francamente, "amarelar".

Muitas vezes os atletas de lutas passam meses se preparando para uma competição e, quando chega o momento mais importante, o fantasma inesperado aparece e o resultado melancólico acontece em segundos. Tudo se perde ou se pode perder num movimento inadequado, quem sabe até na estratégia inapropriada.

Jigoro Kano, o fundador do judô, que significa "caminho suave", buscou inspirações para a criação dessa arte secular principalmente no movimento dos animais. Buscava os verdadeiros caminhos - sem muito esforço, apenas suavidade.
A evolução de todas as artes marciais trilhou um caminho suspeito, como tudo na vida. Agora a força e a agressividade são os recursos mais importantes. Antigamente percebia-se que o caminho da suavidade era respeitado nos praticantes que caminhavam e caiam com mais técnica. As quedas no judô nos mostravam que existiam outros caminhos e novas possibilidades de lutas. Nem sempre uma queda indicava um fim, mas uma nova oportunidade. Perdeu-se essa filosofia com o passar dos anos, agora o mais importante são as medalhas.
Tive o prazer de acompanhar vários judocas das "antigas", e aprendi nessa prática o quanto devemos treinar e lutar para nos aproximar da perfeição, sem esperar nada em troca, talvez um parabéns no final do treino. Isso era suficiente para o nosso crescimento interior. Olhar de frente para um adversário, e se mostrar por inteiro, até que o final da luta apareça, essa era a receita, o resultado era a conseqüência.

Pois é, toda vez que acompanho um debate na televisão, seja para governador ou presidente, me recordo dos meus modestos tempos do judô. Fico imaginando o que os candidatos pensam antes de iniciar a "luta". Mesmo com toda a aparência de seguros e conscientes, acredito que no íntimo são castelos de areia. Nas "competições" não pode haver erros nem demonstração de alguma fraqueza. Os olhos nos olhos são fundamentais, mais a agilidade de raciocínio para responder com segurança uma pergunta e principalmente, saber a hora certa de contra-atacar. Esses preceitos são próprios dos grandes lutadores, já ensinavam os mestres orientais.


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