segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O doping

O doping
Entramos na era de não sabermos mais o que é doping. Sou da geração de atletas que usavam guaraná em pó com café para ficarmos mais "elétricos", achando que aquilo gerava mais resistência. Também presenciei  vários halterofilistas comendo 4 quilos de carne ao dia, acreditando que o excesso de proteína renderia mais força. Lembro também de amigos esportistas fazendo uso de plásticos colados no corpo, durante as atividades físicas, para aumentar a quantidade de suor e reduzir o peso.

O engraçado é que não faz tanto tempo assim. Hoje já estamos debatendo cientificamente o que se configurará como doping ou, melhor, o que será proibido manipular fisiologicamente. Explico: os primeiros testes anti-doping da era moderna eram realizados somente com a urina do atleta. Atualmente usamos a urina e o sangue para apanhar os infratores. Como faremos agora para reconhecer as alterações genéticas? Para ficarmos apenas em um exemplo, recentemente apareceu uma família que apresentava um erro metabólico, e seus membros nasciam sem a miostatina, um elemento muscular que regula o hipertrofia muscular, não facilita o aumento da massa muscular. Essas pessoas já nasciam "musculosas".

Parece bobagem, mas os laboratórios internacionais já estão trabalhando para formular remédios para facilitar a diminuição da miostatina nos músculos dos humanos. Isso vai beneficiar pessoas que apresentam doenças osteo-musculares. E não tenham dúvidas que será usado também em beneficio do esporte.
Como detectar isso futuramente? Será doping? Não sei como serão feitos os próximos exames para averiguar esse "erro" fisiológico, mas, certamente, a biópsia será, até esse momento, a resposta mais correta.

Aí surge outra pergunta: os atletas vão permitir essa iniciativa invasiva? A discussão além de técnica se torna filosófica. Outros elementos serão analisados antes de surgirem as respostas definitivas. Não faz muito tempo, a creatina era o produto mais usado pelos atletas para aumentar o rendimento; hoje já não faz tanto alarde assim, assim como os produtos proibidos nesta Olimpíada (texto escrito em 2004), serão detectados apenas no futuro.


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