O esporte imita a fisiologia

O esporte imita a fisiologia

Era uma vez....
Não é assim que começa toda história? Dois grandes jogadores, renomados internacionalmente, craques, Actino e Miosino, jogavam por música, ou melhor, só jogavam porque o técnico sempre era o mesmo, um gênio, sua ordem era um comando e não existia volta tudo-ou-nada. Era o sr. Calcinino. Formavam um trio sem precedentes, dois efetores e um administrador.

O problema é que os dois só jogavam quando existia o comando do seu Calcinino. Parece aquela história do esporte que todos já conhecem: no basquete feminino, Paula, Hortência e Maria Helena; no masculino, Oscar, Carioquinha ( lembram da "ponte aérea" ?) e Marcel; no vôlei, Maurício, Tande e Luís Roberto. Ou mesmo Pelé, Tostão e Gerson. Precisa mais?

No esporte sempre foi assim: um pensante e, quando muito, dois bons executantes. Pronto, fórmula ideal. Ai que saudades do Maurílio no Paraná Clube. Voltemos à nossa história. E os dois craques, Actino e Miosino, descobriram que sem o seu Calcinino eles não funcionavam, algo acontecia de dependência fraternal ou, quem sabe, fisiológica. Nas diversas tentativas de descobrir por que em algumas ocasiões especiais, como uma final de campeonato, os dois não jogavam bem, como o Kaká de vez em quando, como o Jorge Wagner do Corinthians, o Lima no Coritiba (lembram?).
Inspiraram-se na fisiologia para descobrir o motivo de alguns fracassos. Depois de muitas consultas aos tratados esportivos, como alguns fazem com os astros e as cartas, descobriu-se que, sem o cálcio, a actina e miosina não conseguem deslizar e contrair os músculos, um princípio básico da contração muscular. Frente a essa constatação - como na vida dos grandes esportistas, sempre existe um Larri Passos ao lado de um Guga, um Vadão à frente de um Denis Marques, ou quem sabe, um serviço (linguagem do basquete) antecedendo uma enterrada do Michel Jordan -, aí nos perguntamos: o que é mais bonito, a enterrada, o gol, a cortada ou o passe?

O cálcio não é mais importante que as outras duas proteínas ? Ou será que o que está entre linhas não conta? Quem são os nossos fisiologistas? Quem são os ou as nutricionistas do nosso esporte? Quem recupera os nossos craques? Supervalorizamos nossos ídolos, esquecemos de reconhecer nossos cérebros, nossos "cálcios", nossos passes.

Quem sabe um dia os torcedores descobrirão que os atletas só são atletas porque existe um técnico, um preparador físico, um psicólogo, uma nutricionista, um fisioterapeuta, um Calcinino.